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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Artesanato com MDF é sustentável?


O MDF é um material largamente utilizado em trabalhos artesanais, em caixas, placas, utensílios de cozinha, peças decorativas, kits para bebês etc. Mas a pergunta é: este material é sustentável?


Maleta de pintura, em MDF com aproveitamento de papel
de presente e pintura à mão.
Como quase tudo relacionado a questões de sustentabilidade, pela sua inerente  complexidade, a resposta é “depende”. O MDF, ou “Madeira do Futuro”, é um material industrializado, processado a partir de fibras de celulose de madeira de reflorestamento. Se pensarmos em relação à madeira, podemos compreender que ao menos não estamos desmatando florestas nativas para obter o material. Porém, o chamado “reflorestamento” normalmente resume-se a imensas plantações de eucalipto com pouquíssima preocupação ambiental e sérios impactos.

Mas não devemos condenar este material, visto que existem empresas sérias que fazem “reflorestamento” em bases sustentáveis e também devido à versatilidade e durabilidade do material, evitando a utilização de outras matérias primas cuja extração gera muito mais impacto, como madeiras nativas, plástico e metais.

Compreendendo que a sustentabilidade não envolve apenas aspectos ambientais, mas a conjunção dos mesmos com aspectos sociais, econômicos e culturais, podemos identificar alguns cuidados para ampliar a “sustentabilidade” do seu MDF:

  • ·         Procure conhecer o fornecedor do MDF e opte por aqueles que atuem em bases sustentáveis e promovam o reflorestamento de matas nativas com projetos de compensação;
  • ·         Busque as fábricas (que transformam as placas em peças artesanais) que estejam próximas a você, dando preferência a pequenas empresas e cooperativas, incentivando economias locais vivas;
  • ·         Se possível compre os produtos de cooperativas ou grupos vulneráveis. Existem grupos de ex-dependentes químicos ou ex-presidiários que se organizam para produzir estes materiais e gerar renda e possibilidade de reinserção social;
  • ·         Caso não existam grupos com estas características em sua cidade, que tal unir-se com instituições que desenvolvem projetos socioambientais e iniciar um? Você poderá ajudar uma comunidade carente e ainda produzir peças exclusivas.
  • ·         Procure reutilizar material sempre. Existem empresas que vendem MDF de “refugo” com pequenos defeitos e quebras, que podem ser aproveitados e gerar grandes “efeitos” com pequeno custo.
  • ·         O MDF é uma excelente base para utilização e outros materiais que antes iriam para o lixo, como papéis de revista, filtros de café, plástico e metal, além de compor e valorizar peças e kits produzidos com materiais recicláveis.
  • ·         Reutilize o MDF de móveis velhos que iriam para o lixo, muitas vezes basta uma boa lixa e criatividade. Além do MDF podemos usar compensados, aglomerados e placas tipo “eucatex”.
  • ·         Utilize o MDF para produção de peças em grupos, associações e cooperativas, oferecendo oficinas para ampliação de técnicas e geração de emprego e renda.
  • ·         Produzir peças educativas e duráveis, incluindo aspectos pedagógicos e culturais, agregando valor ao seu produto final.

Como foi dito anteriormente tudo “depende”. Talvez o caminho para utilizar o MDF de forma sustentável seja mais longo e mais difícil, mas o futuro do planeta e do local onde você vive agradece. E você faz sua arte sem culpa ou críticas.

Alguma outra ideia para utilizar o MDF de forma sustentável?

banco com retalhos de MDF

MDF em tampas de latinhas

Arte com MDF e retalhos de tecido

Caixa feita em retalhos de MDF

Mosaico ecológico sobre base de MDF

Com filtros de café usados

MDF como moldura para rolhas

terça-feira, 31 de julho de 2012

Transformando vidros 2


Potes grandes de palmito, com pintura country, para uma
cozinha autêntica e sustentável.

Quem curtiu a nossa primeira postagem sobre transformação de vidros (25/07/2012) percebeu o que pode ser feito com garrafas de vidro de diferentes tamanhos e formas.

Esse material é muito interessante de se trabalhar e com os corretos acabamentos pode durar muito tempo. Uma forma acessível de trabalhar com vidros é transformando potes de conserva. Com uma boa selagem com eco-esmalte temos uma base que pode ser pintada como superfícies porosas, como fazemos na madeira, podendo inclusive lixar.

Potes de conserva pequenos, com detalhes de
papel de presente, imitando retalhos
Potes de conserva todos nós temos e muitas vezes jogamos fora, colocando em risco a saúde das pessoas que recolhem e processam os nossos resíduos. Uma saída é ficarmos com elas, higienizá-las e transformá-las em potes para cozinha, para guardar bolachas ou para guloseimas.

Um mesmo material pode ter diferentes "roupagens" como o caso dos potes de palmito grandes (para restaurantes) ou pequenos (domésticos).


Todos os potes desta postagem foram feitos pelo Projeto Mosaico Ecológico.

Aqui destacamos especialmente o pote que transformou vidro em madeira, pintado à mão livre, com aplicação de rótulo antigo de biscoitos.



Pote de vidro grande, com pintura imitando madeira
 e antigo rótulo de biscoitos


Românticos, com bonecas sunbonnet. Ainda ganharam a
 companhia de uma latinha

Com pintura desgastada e rótulos antigos,
para quem curte um estilo mais rústico



Patchwork no Isopor


Caixa com boneca sunbonnet, feita com a técnica de
patchwork no  isopor, utilizando materiais reaproveitados.
O patchwork é uma técnica artesanal tradicional, que consiste basicamente na união de tecidos de tamanhos e formas variados. Sua origem é muito antiga, sendo apontado em algumas pesquisas o uso de roupas por faraós com técnicas simlares. Sua expansão e uso mais amplo se deu na Europa da Idade Média, muito utilizado em tapetes e túnicas. Nas Américas chegou por volta do século XVII, especificamente nos EUA e Canadá.

Incontestavelmente e por excelência se enquadra na categoria de arte sustentável pela reutilização de retalhos. Cada vez mais popular, a técnica vem se aperfeiçoando e ganhando variações como o "patch apliquè" com aplicações em tecidos e outras superfícies e o patchwork embutido, também conhecido como "patchwork sem agulha".

Esta última variação é originalmente empregada em superfície de madeira ou MDF, com aplicação de uma placa especial chamada "placa pluma" ou cartoon mousse. Porém utilizando um pouco a criatividade podemos utilizar a natureza sustentável do patchwork em materiais de reaproveitamento integral, utilizando embalagens cartonadas e bandejas de isopor.
Caixa de patchwork, utilizando retalhos,
embalagens cartonadas e bandeja de isopor.

O modo de fazer é relativamente simples, mas exige paciência e tempo. Após escolher a embalagem a ser trabalhada deve-se colar em uma das faces uma placa a partir da bandeja de isopor exatamente do mesmo tamanho. Depois de bem seca, fazer o desenho com auxílio de um estilete de boa qualidade, com cuidado para não cortar a base, somente a placa de isopor, fazendo sulcos. Então cortam-se os tecidos nos tamanhos do desenhos mais 0,5cm e começa-se a embutir, colando os tecidos sobre o isopor e embutindo as partes que sobram nos sulcos com auxílio de um desmancha costuras.

A graça está na escolha de desenhos, cores e padrões. Para valorizar o trabalho deve-se forrar toda a embalagem com diferentes retalhos, mas também há quem pinte as outras faces. Botões, laços, rendinhas e outros restos de aviamentos dão o toque final.

Outras superfícies podem ser usadas. Aqui no Projeto Mosaico Ecológico estamos experimentando fazer quadros e móbiles em CDs antigos e quadros em placas de papelão e caixas de pizza. É assim, na arte sustentável conjugamos técnicas com criatividade sem limites.

Abaixo outros belos trabalhos em patchwork embutido encontrados na internet, fácil de adaptar para bases mais sustentáveis:
Monocromático.

Com imagem de africanas, supercolorido!


Cobrindo todo o objeto.
Para as coisinhas do bebê
Para lingerie, pode ser feita em uma caixa de sapatos,
para  guardar sutiãs com bojo!
Parabéns à artista!


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Transformando Vidros

Processo de transformação de vidros, tornando-os "porosos" com a
aplicação de eco-esmalte.
Tenho adorado trabalhar com vidros. Há algum tempo deixei de jogá-los fora e comecei a guardar potes de conservas, garrafas e afins. Uma coisa que me chama atenção é sua durabilidade e, depois que você começa a criar, sua versatilidade, resultando em produtos finais nobres e senão eternos, quase isso!

Tanto que seu tempo de decomposição no meio ambiente é indeterminado, podendo levar milhares de anos. Infinitamente melhor que o plástico para ser usado como embalagem, trata-se de produto inerte feito a partir de elementos naturais e ao lado da cerâmica, constituem os materiais menos agressivos quanto à liberação de substâncias nocivas. Um problema sério é a forma de descarte e o reprocessamento, podendo causar cortes e complicações à catadores e outros trabalhadores.

Mas não jogue vidro fora! Esse material apresenta milhares de possibilidades...Basta ver os arranjos decorativos que estamos fazendo com garrafões de suco de uva, pintura com rolinho, sisal e laca. Depois decoramos com flores secas do cerrado.


Além desta garrafa vinho, estão prontas a azul-marinho e a turquesa, lindíssimas! Só aguardando secar. Agora estamos trabalhando com linhas de bordar em garrafas menores.


Aqui no Projeto Mosaico Ecológico estamos nos divertindo com este material antes sem cor e jogado de lado, com as embalagens que guardamos e potes de vidro grandes que estão sendo doados por uma pastelaria local. Em breve estaremos postando mais produtos.


Abaixo apresentamos outras sugestões com garrafas de vidro que encontramos na internet:

Na construção sustentável

Pequenas garrafas viram charmosos castiçais

Garrafões transformados em cúpulas para ir à mesa

Vários tipos, com pintura criativa

Simples, com arranjos de flores

sábado, 14 de julho de 2012

Carretéis de madeira

Estes carretéis de madeira são normalmente usados pela indústria para acondicionar cabos e fios diversos. São produzidos em diferentes tamanhos e recentemente vem sendo substituídos por similares de plástico.

Carretéis de madeira que serão "upciclados",
 acabando de chegar em casa.
Pelo seu formato, resistência e tamanhos diversos possibilitam milhares de formas de reaproveitá-los como peças úteis e decorativas, sem descaracterizá-los, servindo como um material bem versátil para o "upcycling" (veja publicação de 12 de julho sobre este tema).
Hoje andando por Uberlândia, onde resido, encontrei dois deles, meio deixados de lado em uma loja de sucatas e os trouxe para pensar no que fazer. Pesquisando vi várias ideias interessantes na internet que posto a seguir. A partir delas minha cabeça ferveu com mais de mil possibilidades. Os meus são pequenos do tamanho de um pufe ou mesinha.
Agora a vontade é de fazer um "tour" às indústrias da região e verificar como estas peças são descartadas e tentar captá-las. Afinal, apenas dois serão poucos e vou querer brincar com os grandes!
Ah! e aproveitando minhas visitas vou também atrás de pallets de madeira, outro material com infinitas possibilidades de construção de móveis super originas e objetos de decoração.


Uma mesa com banco
Uma pista de skate

Uma cama em formato de lua para uma decoração super original

Um banco diferente para o jardim

Uma mesinha, forrada com jornais antigos

Uma mesinha de centro para brincar à vontade
Uma mesa que traz sua própria mensagem, amei essa!


Uma mesinha com porta-revistas

Um pufe com patchwork

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Upcycling


Canecão de metal transformado em porta lápis para
o novo Atelier.
"Upcycling" um termo relativamente novo que vem sendo muito usado em relação a Arte Sustentável. Sem uma tradução para o português, a prática consiste em um processo de transformação de objetos descartados ou sem utilidade em algo novo e útil. Não é sinônimo de reciclagem, pois este último inclui uma transformação da matéria prima, como derretimento do plástico ou quebra do vidro para geração de material de processamento de um novo produto, em todo ou em parte.
A arte sustentável vem para ir além da renovação e utilidade do "Upcycling" e trazer também beleza a essas novas peças empregando as mais recentes e belas técnicas de artesanato.  Trazemos aqui como exemplo esta velha caneca de ferro, que o projeto Mosaico Ecológico através de técnicas de pintura country transformou em um porta lápis que ganhará espaço de destaque em nossa sede física em Uberlândia (aguardem endereço em breve!).
O objetivo do "upcycling" é evitar o desperdício e descarte desnecessário de objetos e também economizar água e energia que seriam utilizadas na extração, processamento e transporte de novas matérias primas. Pode ser empregado na restauração e transformação de móveis antigos, restos de demolição, objetos de vidro, plástico, madeira e metal.
Dentro do projeto Mosaico Ecológico gostamos de deixar o objeto anterior com suas características preservadas, sem descaracterizar, para todos saberem do que se tratava antes da transformação. Assim sendo, estamos produzindo garrafas decorativas, cachepôs de lata e móveis de caixote de feira que em breve serão postados.
Abaixo mais algumas fotos de objetos que passaram pelo "Upcycling". (fotos encontradas na Internet)

com porta de demolição

com uma velha blusa

com caixotes de feira

com um arquivo de aço

com uma embalagem de produto de limpeza



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Projeto Mosaico Ecológico


O projeto "Mosaico Ecológico" surge a partir de vivências e pesquisas de profissionais da Katu Gente&Ambiente na área de arte sustentável, educação ambiental e projetos socioambientais em todo o Brasil. 
O projeto busca contemplar as três dimensões da sustentabilidade - ambiental, social e econômica - em um projeto que busque o reaproveitamento de materiais, a constituição de uma cooperativa popular, a agregação entre diferentes setores sociais e a geração de renda para grupos em condições de vulnerabilidade.
Além da construção de mosaicos com materiais reaproveitados, de difícil decomposição, como plásticos, isopor e alumínio, o projeto contempla outras técnicas artísticas. O nome mosaico remete a uma fusão de diferentes formas de fazer arte e criar produtos sustentáveis, onde diferentes habilidades, talentos e materiais se unem para formar um todo com forma, muito maior do que a soma das partes isoladas.
Sua origem é no triângulo mineiro, cidade de Uberlândia-MG, região muito conhecida por seu desenvolvimento recente, produção de alimentos e produção industrial, mas que também abriga uma "veia" forte para trabalhos manuais, preocupação legítima com questões ambientais, desenvolvimento integrado, além de um povo muito criativo.
Em breve estaremos postando nossos produtos e o processo de construção deste sonho coletivo. Acompanhe-nos e faça parte desta história.